A DOR DA SAUDADE
Perder alguém a quem muito amamos é a morte em vida . É muito sofrimento. Mas, nosso tema se refere àquele que se foi por livre e espontânea vontade. Aquele que deixou um lugar vazio, um coração destruído e uma vida sem desejo de continuar.
Quem nunca sentiu essa dor a considera uma fraqueza, bobagem, falta de Deus... Não tem a mínima ideia do que significa amar sem reciprocidade. Pior ainda, pensar que era recíproco. Saber que devotou-se em horas, dias, anos, acreditando no amor.
Chorar de molhar travesseiro, fazer promessas, acordar pensando, dormir sofrendo. Não há festas, bares, amigos, igreja...nada, em nenhum lugar se encontra consolo. Não é falta de fé em Deus, nem falta de ter o que fazer, como tantos dizem.
Quando eu era criança, ouvi tantas vezes minha mãe falar que o tempo cura. Depois de adulta, dava raiva só de ouvir. O tempo castiga o corpo trazendo a velhice, retarda os dias festivos...como curaria dor tão cruel?
Ah! A magia do tempo! Quem não precisa dele, o tempo? Nesta lama do abandono, o pesar da ausência, encoberta por sorrisos falsos - sim, precisamos fingir. Existe uma sociedade que cobra. Familiares frios, amigos que esbanjam felicidade. Precisamos morrer, só por dentro.
E, assim, a dor vai sufocando, porém, não vai sufocar a vontade de seguir que Deus nos dá. Sem percebermos estamos enrijecendo os sentimentos, apagando a saudade...
Assisti uma minissérie de televisão que me marcou, O Tempo e o Vento. Passou em 1985. Ana Terra, ainda jovem, estruprada e espancada - o chamado "estupro de guerra" - Se banhando no rio, se lavando daquela descarga nojenta da maldade humana, falou para si própria: Eu vou viver, só de raiva!
A vida é tão preciosa! O amor, em excesso, acaba matando o amor próprio. Sempre digo que paixão é uma doença. De certa forma, é. Ela faz nos esquecermos de nós mesmas (os). Mas, aí vem o tempo, fiel companheiro. Ele vem enxugando as lágrimas, levantando os ombros, renovando o espírito! Aí descobri: Sim, o tempo cura!
Enquanto isso não acontece, Ana Terra seja a conselheira. Um banho de limpeza do mal que encalacrou na pele, esfregar a cara, bem forte, só para acordar do pesadelo e viver, e viver, e viver... Nem que seja de raiva!
Carmen Lu Miranda
Carmen Lu Miranda
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